Aula Programada - LÍNGUA PORTUGUESA - 8º ANO - 10 de abril - Professoras: Renata e Márcia
Leia o artigo de opinião.
Em seguida, copie e responda às questões no caderno.
Celebridades descelebradas
Luli Radfahrer
A
privacidade se tornou um mito e, já que é impossível retroceder, é preciso
gerir essa nova imagem pública
NÃO SE iluda: as mídias sociais e
as bases de dados de comércio eletrônico acabaram com qualquer pretensão de
privacidade.
Filtradas pelos algoritmos inteligentes dos mecanismos de buscas, elas facilitaram o acesso e a identificação de praticamente qualquer pessoa, por mais que respeitem o anonimato de seus usuários.
Filtradas pelos algoritmos inteligentes dos mecanismos de buscas, elas facilitaram o acesso e a identificação de praticamente qualquer pessoa, por mais que respeitem o anonimato de seus usuários.
Quando a informação é muita, não é
difícil fazer cruzamentos únicos de variáveis. Quem vive naquele bairro,
trabalha naquela empresa, come naquele restaurante, abastece o carro com aquela
frequência, usa aquele computador e aquele telefone, acessa aqueles sites,
clica naqueles links e compra aqueles produtos é facílimo de rastrear.
Já que é impossível (e bem pouco
prático) viver fora do grid de informação digital, é preciso administrar a
imagem pública em um ambiente em que até aspirantes a tuiteiros se tornaram
celebridades, mesmo sem fazer nada de célebre. Por maior que seja a diferença
de influência entre o Tom Hanks e seu correspondente no século 2.0, os cuidados
que ambos precisam ter com a exposição indesejada são bem próximos.
A sociedade das opiniões públicas
é mais rica e complexa do que aquilo que se chamava antigamente de
"opinião pública", ficção sociológica que acreditava ser possível
tirar a média do que era declarado e descartar o que desviasse do padrão. Com a
popularidade de acesso aos meios de publicação, o indivíduo urbano, globalizado
e massificado usa as redes como válvula de escape para manifestar sua
identidade e, nesse processo, se expõe de forma inimaginável.
Não é preciso habitar a casa do
Big Brother para ter a vida privada transformada em entretenimento. Basta fazer
o que não seria feito normalmente em público. Uma briga entre namorados, um
namorico, um comentário entredentes, uma bebedeira ou até uma inocente ida ao
banheiro quando se está só, dentro de casa, agora está sujeita ao escrutínio
público das câmaras ocultas em telefones celulares. As paredes não têm ouvidos,
mas todo o resto parece ter.
Já que é impossível retroceder, o
que resta é administrar esse novo tipo de patrimônio público. Como todo
patrimônio, ele precisa ser estável para se tornar uma referência e, nesse
processo, acaba perdendo a espontaneidade, a mais humana de suas
características.
Aos poucos as regras de conduta
invadem os recônditos da vida pessoal, plastificando a personalidade e a
prendendo à máscara construída ao longo da vida, mesmo que não se concorde com
ela.
Hoje todos nos tornamos
personalidades transparentes. Nunca foi tão fácil checar referências, e, a
princípio, não há nada de errado nisso. Uma das principais regras de
sobrevivência social, pilar de sistemas tão diversos quanto a maçonaria ou o
marketing, sempre foi desconfiar de estranhos. De perto, entretanto, ninguém é
normal.
Como diz a polícia dos Estados
Unidos, você sempre tem o direito de permanecer calado. Tudo o que disser
poderá ser usado contra você. As mídias sociais são, como o próprio nome dá a
entender, uma forma de mídia.
Pessoas comuns não têm relações
públicas, advogados, assessores ou consultores de imagem para auxiliá-las no
dia a dia e, por isso, ainda vão demorar para perceber que um vexame registrado
on-line é quase tão difícil de apagar quanto um nu indesejado.
(RADFAHRER, Luli. Celebridades descelebradas. Folha de São Paulo, São
Paulo. 27 jul. 2011. Tec, p. F14.)
1. De acordo com o artigo de opinião, como as mídias
sociais e as bases de dados do comércio eletrônico acabaram com a privacidade
das pessoas?
2. O que significa no texto a expressão “é preciso
administrar a imagem pública”?
3. De acordo com o autor do texto, o que é considerado
um novo tipo de patrimônio público?
a)as câmeras ocultas;
b) a vida privada;
c)a casa do Big Brother;
d)os telefones celulares.
4. Releia este trecho do texto: “Aos poucos, as regras de conduta invadem os recônditos da vida
pessoal, plastificando a personalidade e a prendendo à máscara construída ao
longo da vida, mesmo que não se concorde com ela”.
a)De acordo com o trecho lido, quais são as
consequências para o indivíduo da exposição de sua identidade na mídia?
5. Qual a importância de haver privacidade em nossas
vidas?
6. Qual é o significado do título do texto:
“Celebridades descelebradas”?
7. Releia a frase que inicia o artigo de opinião: “Não se iluda: as mídias sociais e as
bases de dados de comércio eletrônico acabaram com qualquer pretensão de
privacidade”.
a) Em qual modo verbal está a forma verbal destacada
na oração: indicativo ou imperativo?
b) Que efeito o uso desse modo provoca na frase?
8. Escreva no caderno as palavras que você não conhece
e procure o significado delas no dicionário.
9. O autor utiliza argumentos variados para fundamentar e deixar claro seu posicionamento quanto aos perigos da exposição da privacidade.
Identifique no texto e escreva no caderno:
a) um argumento de autoridade;
b) um argumento com ironia;
c) um argumento de valoração.
10. Vimos que um artigo de opinião é composto das
seguintes partes: ancoragem, tese (ponto
de vista) e conclusão.
Leia a síntese de cada uma dessas partes no texto e
identifique a qual parte estrutural do artigo de opinião cada uma se refere:
- Pessoas comuns vão demorar a perceber os perigos
da exposição pública.
- É preciso administrar a imagem pública porque é
impossível (e bem pouco provável) viver fora do grid de informação digital “em um ambiente em que até aspirantes a tuiteiros se tornaram celebridades,
mesmo sem fazer nada de célebre”.
- O acesso e a identificação de praticamente
qualquer pessoa são facilmente realizados pelo rastreamento dos
dados disponíveis nas mídias e na base de dados de comércio eletrônico.
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